SÍNDROME DE BURNOUT À LUZ DA PSICANÁLISE

O que é a Síndrome de Burnout?

A Síndrome de Burnout, conhecida como a síndrome do esgotamento profissional, é um fenômeno cada vez mais presente em nossa sociedade. Foi assim denominada pelo psicólogo Herbert J. Freudenberger, após constatá-la em si mesmo no início da década de 70 e hoje está incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Essa síndrome está classificada na CID-10 Z73, na categoria que se refere aos problemas relacionados com a organização de seu modo de vida, porém, recentemente sofreu alteração e o registro na nova CID aponta que o esgotamento se refere especificamente a fenômenos relativos ao contexto profissional e não deve ser utilizado para descrever experiências em outros âmbitos da vida.

Traduzindo do inglês, “burn” quer dizer queima e “out” exterior, a Síndrome de Burnout se refere a exaustão prolongada e a diminuição do interesse em trabalhar como resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho que são emocionalmente exigentes e / ou estressantes.

A principal causa da doença é justamente o excesso de estresse no trabalho que leva a um colapso na gestão das exigências internas e externas de uma pessoa e neste artigo vamos explorar esse fenômeno através de uma lente psicanalítica, oferecendo uma compreensão das causas, efeitos e lançar uma luz sobre as formas de tratamento.

 

Causas da Síndrome de Burnout – Uma Análise Psicanalítica

  • Exaustão Emocional: Sensação de estar sobrecarregado e incapaz de lidar com as demandas diárias.
  • Despersonalização: Distanciamento emocional dos colegas e do trabalho, resultando em um comportamento cínico.
  • Redução da Realização Pessoal: Sentimento de ineficácia e falta de realização no trabalho.
  • Exigências Externas: Carga de trabalho excessiva, falta de apoio e reconhecimento, e um ambiente de trabalho hostil.
  • Exigências Internas: Perfeccionismo, autoexigência e uma necessidade inconsciente de aprovação.
  • Energia Psíquica e Exaustão: Freud propôs que a libido (sinônimo para energia psíquica), é limitada e precisa ser distribuída entre as várias demandas da vida. No caso de burnout, essa energia pode ser consumida excessivamente pelo trabalho, levando a exaustão.
  • Princípio do Prazer vs. Princípio da Realidade: O burnout pode ocorrer quando o princípio da realidade (necessidade de trabalho e obrigações) sobrepuja o princípio do prazer (busca pelo prazer e satisfação), resultando em frustração e exaustão.  
  • Conflito Entre o Ego e o Superego: Em muitos casos, o burnout pode ser resultado de um conflito entre o ego, que tenta mediar a realidade externa, e o superego, que impõe padrões rígidos e elevado. Assim, devido ao sentimento de incapacidade de atingir esses padrões pode gerar ansiedade e esgotamento.
  • Ansiedade de Desempenho: A pressão para desempenhar funções de forma perfeita pode gerar uma ansiedade constante, que contribui para a sensação de esgotamento e despersonalização.
  • Identificação com o Trabalho: A psicanálise sugere que a identidade de uma pessoa pode se fundir com seu papel profissional. Quando o trabalho se torna uma extensão do self, pode haver uma perda de identidade pessoal, levando a despersonalização.
  • Alienação: A despersonalização, um dos sintomas do burnout, pode ser vista como uma forma de alienação, onde a pessoa se sente desconectada de si e dos outros.
  • Mecanismos de Defesa e Coping: Quando uma pessoa usa excessivamente a repressão e a negação como mecanismos de defesa para lidar com o estresse do trabalho, isso pode contribuir para o acúmulo de tensões não resolvidas e assim manifestar o burnout.
  • Sublimação: Embora a sublimação possa ser um mecanismo de defesa saudável, o excesso de sublimação do prazer em atividades laborais pode levar ao esgotamento se não houver equilíbrio com outras fontes de prazer.
  • Demanda Cultural por Produtividade: A literatura psicanalítica contemporânea também explora como a cultura de alta produtividade e competitividade pode exacerbar os conflitos internos e a pressão sobre o indivíduo, levando ao burnout.

 

Quais sintomas surgem por conta da Síndrome de Burnout?

A Síndrome de Burnout envolve nervosismo, sofrimento emocional e problemas físicos como cansaço excessivo e tonturas. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença. Anote aí outros sintomas que podem indicar o burnout:

 

SINTOMAS EMOCIONAIS:

  • Esgotamento Emocional: Sensação de estar emocionalmente esgotado e incapaz de lidar com as demandas emocionais do trabalho ou da vida pessoal.
  • Cinismo e Desapego: Atitudes negativas ou distanciamento emocional em relação ao trabalho e aos colegas.
  • Sentimento de Ineficácia: Sensação de incompetência e falta de realização pessoal e profissional.
  • Ansiedade e Depressão: Aumento dos níveis de ansiedade e sintomas depressivos, como tristeza profunda e desesperança.

 

SINTOMAS FÍSICOS:

  • Fadiga Crônica: Sensação persistente de cansaço e falta de energia.
  • Distúrbio do Sono: Dificuldades para adormecer, insônia ou sono não reparador.
  • Problemas de Saúde: Aumento da suscetibilidade a doenças, problemas gastrointestinais e dores de cabeça.

 

SINTOMAS COGNITIVOS

  • Dificuldade de Concentração: Problemas para focar e manter a atenção em tarefas.
  • Esquecimento: Aumento da frequência de lapsos de memória.
  • Redução da Criatividade: Dificuldade em gerar novas ideias ou soluções criativas.

 

SINTOMAS COMPORTAMENTAIS

  • Isolamento Social: Tendência a se afastar de amigos, familiares e colegas.
  • Aumento do absenteísmo: Faltas frequentes ao trabalho ou compromissos sociais.
  • Uso de Substâncias: Aumento do consumo de álcool, drogas ou medicamentos como uma forma de lidar com o estresse.

 

Como tratar a Síndrome de Burnout?

Na visão psicanalítica, o burnout pode ser visto como uma manifestação de conflitos internos, como a luta pela entre o desejo de sucesso e o medo do fracasso. A fala de reconhecimento e a sensação de ser sobrecarregado podem ativar dinâmicas inconscientes, como a culpa e a autopunição, eventos esses que acabam exacerbando os sintomas.

O tratamento da Síndrome de Burnout é feito basicamente com terapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e / ou ansiolíticos). O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso.

A abordagem psicanalítica para tratar o burnout envolve a investigação das raízes emocionais e inconscientes dos sintomas, ajudando você a desenvolver mecanismos de enfrentamento mais saudáveis e uma melhor compreensão de si mesmo para promover também um senso de identidade pessoal mais forte e potente.

A recuperação do burnout requer compromisso com o autoconhecimento e mudança de hábitos. A perspectiva psicanalítica oferece ferramentas valiosas para entender as causas profundas do esgotamento e promover uma recuperação duradoura para que você tenha uma vida profissional e pessoal mais satisfatória.

Porém, lembre-se que a prevenção é sempre o melhor caminho, então confira 7 dicas para evitar que a Síndrome de Burnout atrapalhe seus planos:

  1. Faça atividades físicas regulares.
  2. Defina seus objetivos a curto, médio e a longo prazo.
  3. Procure realizar atividades que liberem os hormônios da felicidade.
  4. Tenha períodos de tempo para reduzir o uso de tecnologia.
  5. Converse com alguém sobre o que está causando angústia ou sofrimento.
  6. Estabeleça limites, aprender a dizer não e definir limites faz bem para sua saúde.
  7. Pratique meditação, isso ajudará aliviar o estresse e aumentará seu estado de presença.

 

Observação: Se você ou alguém que conhece está enfrentando o burnout, saiba que procurar ajuda profissional é essencial para que através das sessões terapêuticas seja possível encontrar um espaço seguro para aprofundar e investigar as raízes emocionais e inconscientes dos sintomas.

 

Parabéns, pra você que chegou até aqui! Concluir tarefas, mesmo que seja a leitura de um artigo, demostra atitude e com essa postura você pode começar a trilhar seu caminho para a mudança rumo a grandes conquistas. Acredite mais em você, nas suas próprias forças, nas possibilidades que tem, permita-se nutrir o sentimento de merecimento e desperte o imenso potencial que existe dentro de você.

 

E agora?

Se você sente a necessidade de abrir espaço na sua vida para promover mudanças, temos um caminho onde você pode começar, mas caso diga que agora não é o seu momento, então reflita bem, quando será?

 

Fabiano dos Santos é psicanalista clínico, agente de transformação social e empreendedor. Sua especialidade é ajudar pessoas sobre como identificar e tratar conflitos internos (neuroses) para uma vida melhor com mais clareza, leveza e satisfação. Por isso criou o Programa “Reflexão Vital”, uma jornada de benefícios essenciais para quem quer sair do piloto automático, tomar decisões e sentir o prazer de ver as mudanças acontecendo no seu dia a dia.

 

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